Há muitos anos que não via tantos filmes. E tão diversos. Foi uma das “vantagens” da pandemia, foi ter tempo para assistir a filmes que normalmente não conseguiria ver. Infelizmente quase todos em casa, mas já fico contente.

E vi muitos dos filmes nomeados para os Óscares. E confesso que não partilho do mesmo entusiasmo por alguns que os membros da academia. E se calhar despacho já esses. Por exemplo “Nomadland” que tem sido vendido como um filme de uma pessoa nómada, que decide viver sem lugar fixo, para mim é na realidade a história de alguém que não tem condições para se fixar em lugar algum. É um filme sobre a falta de condições numa América onde é necessário mudar de cidade em cidade à procura de emprego. “Ma Rainey’s Black Bottom” apesar de ser uma história verídica incrível, parece-me quase caricatural, excessivo, sem realismo. E talvez as personagens que Chadwick Boseman e Viola Davies fossem realmente assim, mas quase parece falso. “Mank” vai à procura da inspiração de Orson Welles mas fica pelo caminho. Creio que demorei três dias a ver o filme completo. “Sound of Metal” tem tudo aquilo que eu poderia gostar. Uma banda indie onde o baterista perde a audição e tem de lidar com isso, e para além de banda eles são um casal. Tinha tudo para ser um favorito, mas não mexeu assim tanto comigo. “Judas and The Black Messiah” é mais um filme com uma temática incrível, baseado numa história verídica e onde só a presença do Daniel Kaluuya deveria ser suficiente, mas não é. Sabe a pouco.

Mas afinal o que mexeu comigo?

Já escrevi aqui antes sobre “Another Round”, o tal filme dinamarquês. E hoje apeteceu-me escrever sobre outro filme nomeado para os Óscares que teve um forte impacto em mim.

“Collectiv”

Viu-o esta semana, e no cinema, e saí da sala quase sem forças. É um documentário romeno que esteve na programação do Festival Política. Um documentário que acompanha uma equipa de jornalistas que está a acompanhar a trágica história de um incêndio que deflagra numa sala de espectáculos durante um concerto e onde morrem cerca de 20 pessoas. Mas esta equipa de repente dá de caras com um caso gigante de corrupção a nível hospitalar e governamental. As história levam à demissão do Governo e uma série de descobertas assustadoras. Se alguém tem dúvidas da importância de uma imprensa livre, vejam este filme.