Megafone

Em 2022, assinala-se os 25 anos que foi editado o primeiro disco de originais do projeto Megafone do João Aguardela.

Este disco intitulado Megafone I saiu em 1997 e apareceu numa altura em que a música electrónica sobretudo vinda de Inglaterra dava cartas. Massive Attack, Roni Size, Portishead, Aphex Twin, Goldie, Amon Tobin eram os nomes que estavam em destaque e por cá, também tinhamos músicos a experimentar as novas texturas.

O João Aguardela estava há muitos anos a percorrer o caminho da pop portuguesa com os Sitiados, e decidiu explorar o cruzamento entre a música electrónica e a tradicional. Pegou nos registos de Michel Giacometti onde as tradições orais ficaram gravadas em fita, e construiu um novo caminho.

Entre 1997 e 2005, Aguardela editou quatro discos sob o alter-ego de Megafone, enquanto explorava outros caminhos (o fado contaminado pela electrónica n’A Naifa) e hoje ainda podem ser descarregados gratuita e legalmente no site da Associação Megafone.

Quem quiser conhecer um pouco melhor a vida e obra do João Aguardela, recomendo a leitura do livro “Esta Vida de Marinheiro” do Ricardo Alexandre.

Atualmente existem vários projetos a trazer as tradições para o século XXI como a plataforma A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria do Tiago Pereira, e músicos como Zeca Medeiros, A Criatura, Sopa da Pedra, Retimbrar ou Gaiteiros de Lisboa, entre outros.

Mas apesar de tudo, sinto falta que se explorem as vozes e os sons de antigamente.

Gostava de ouvir mais canções como o Aboio.

Deixe um comentário