Muçulmanos, ciganos, e tanta gente assim…

Cresci nos subúrbios de Lisboa, mais concretamente em Odivelas. Eram os anos 80, e movimentava-me entre os condomínios e os bairros sociais, a estudar (mas pouco) na escola pública, a jogar futebol na rua e a passear sem destino (ou então a apanhar o autocarro para Lisboa).

Desde que me lembro que lidei com diferentes pessoas, diferentes realidades. Nos primeiros anos, um dos meus melhores amigos era o Abdul. O Abdul era de origem indiana, muçulmano, e de uma forma simples fui aprendendo alguns das regras e costumes da sua religião. Lembro-me da experiência para mim de ir lanchar a casa do Abdul e a mãe dele ter uma série de coisas que nunca tinha visto, mas como guloso que sou provei tudo. E repeti!

Quando cheguei à preparatória, um dos rapazes da minha turma era o Micael. Não confundir com o Mickael Carreira que só conheci anos mais tarde. O Micael era o mais velho da turma, ajudava os pais no negócio deles, e era de etnia cigana. Eu tinha 14 anos e o Micael já tinha 18. Tinha um sentido de humor hilariante. Olhava para ele como uma referência.

Quando me recordo dos anos em que vivi em Odivelas, é impossível não me lembrar de uma série de gente que se cruzou no meu caminho, com quem conversei, partilhei histórias, e passei bons momentos que moldou a minha forma como olho para o Mundo.

E talvez por isso me faça tanta confusão a xenofobia, o racismo, e outros preconceitos relacionados com a cor da pele, religião, ou até orientação sexual. Cresci rodeado por pessoas “diferentes” de mim, mas isso não me fez confusão. Não as vias como diferentes por isso, via diferente porque eram adeptos do Benfica, porque não gostavam dos Guns ‘N’ Roses ou porque gostavam de ver a telenovela.

Por isso tudo e mais algumas coisas, é que não compreendo quem tem ódio a outras pessoas só com base em preconceitos. Se ainda fosse por serem escoteiros…

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