Odeio música pop!

Quando comecei a pensar escrever este texto, lembrei-me de uma frase dos anos 90 que dizia:

“É português? Não gosto!”

Neste caso, seria qualquer coisa como “É música pop? Não gosto”.

Não sei até onde podemos precisar onde o fosso entre as obras mais comerciais e o lado mais intelectual começou, mas diria que é algo que sempre existiu. Nas pesquisas que fui fazendo, e comecei na música erudita pois coisas que fui ouvindo, as obras do Erik Satie na época eram consideradas menores ao lado de autores como Richard Wagner, por exemplo. Inclusivamente, o francês chegou a trabalhar em cabarets para ganhar a vida.

Lembro-me de uma discussão que tive com um colega, pois para ele a música depois de 1920 já tem pouco interesse. Diria que existe algum snobismo entre a música “erudita” e a música “moderna”. Este conceito pode (pelo menos para mim) parecer estranho, pois nos anos 20 já co-existiam a música clássica como Stravinsky e a música moderna como Trixie Smith a gravar a primeira canção “rock n roll”.

Neste aspecto em relação às épocas, eu costumo guiar-me pelo calendário do Carl Sagan e diria que estamos todos no mesmo segundo…

Mas nos últimos anos, o fosso apareceu entre diferentes géneros da música dita moderna. E por norma, a música pop é o inimigo. Eu vivi o tempo quando o rock começou a lutar contra a pop. Nada se comparava com uma boa guitarra. Mas o tempo passou. Hoje, nem sei que divisões existem. Mas cada vez que um artista anuncia concertos de estádio (olá Coldplay), aparecem os “haters”. Ou quando um jovem cantor pop ganha um grande prémio (olá Harry Styles), aparecem os “haters”. Enfim…

Podemos discutir gostos (eu adoro fazer isso). Mas odiar algo porque há muita gente a gostar, parece-me um fraco argumento. Como muitas das canções que mais tocam por aí. 😉

Já agora, aproveito e deixo aqui a homenagem à Stealing Orchestra, o projeto do João Mascarenhas, que editou um EP com o título “É Português? Não gosto!” e que eu de vez em quando vou ouvir 🙂

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