No outro dia, estava no barbeiro e numa conversa paralela, alguém dizia que preferia morrer doente do que morrer com saúde. E esta ideia ficou-me na cabeça.
A conversa foi algo como morrer doente seria algo natural, algo previsto, o suposto. E chegou-se a dizer “eu não quero morrer saudável”.
Confesso que esta ideia me deixou desconfortável. Quase mal disposto. Porque me parece um desejo quase masoquista. Uma vontade de sofrer. E é algo que está longe do meu imaginário. Talvez porque vi o meu pai a sofrer bastante nos últimos anos de vida, inclusive a desejar que o sofrimento terminasse rápido e se fosse a morte, que assim o fosse.
Depois, lembrei-me que existe uma ligação entre o sofrimento e o catolicismo. Pois a igreja católica vende a ideia de que Cristo sofreu na cruz pelos humanos, e que nós devemos sofrer para nos aproximarmos de Cristo. E esta conversa entre senhores de mais de 50 anos fez-me algum sentido.
Talvez por isso a ideia da eutanásia ainda não seja bem aceite no nosso país (para além do discurso do “tirar uma vida humana”).
Mas eu, se puder escolher, quero morrer com saúde. Se possível numa praia, com um cocktail na mão, a ouvir o som das ondas.
Banda sonora:
