Aqui há uns anos, quase que perdi a conta (quase), lembrei-me que seria giro contar a história dos Ornatos Violeta.

A ideia seria fazer um documentário. O princípio seria muito simples, apenas os 5 elementos a falar, com algumas fotos e vídeos a ilustrar cada momento. Fiz pesquisa, conversei com a manager, falei com amigos, fui ler todos os artigos e entrevistas que encontrei para preparar uma conversa.

Na altura pensei que teria de começar com o Manel Cruz e seguir por aí. Trabalhava na rádio há uns anos, já o tinha entrevistado com Pluto e na altura quase como um sinal ele edita o disco/livro Foge Foge Bandido e começa a dar concertos. Pensei: “E se for ver um concerto, e no final falar com ele sobre esta ideia?”.

Bem dito, bem feito. Vejo as datas dos concertos e percebo que ele toca em Arcos de Valdevez numa sexta à noite e eu conseguia sair de Lisboa a tempo. E assim foi. Liguei ao Zé Costa, organizador do concerto em Arcos, cravei-lhe bilhete e lá fui.

21 de março de 2009. Aqui está o registo desse dia, onde percorri 400 kilómetros para ver e conversar com o Manel Cruz sobre o dito documentário. No final, fui ao camarim e o Manel com a sua habitual simpatia, mas politicamente correcto, pediu-me para lhe ligar daí a uns dias para falarmos melhor. Passado uns dias liguei e expliquei que enquanto fã da banda gostava muito de contar a história daqueles 5 rapazes. Ele percebeu a ideia e aceitou.

Não fazia ideia o que estava a fazer. Nunca tinha filmado nada de jeito. Em 2009 já tinha alguns anos de rádio, já tinha feito muitas entrevistas, mas nunca um documentário. Na altura tinha duas cameras, uma delas já filmada em HD e tudo, e foi um bocado…. siga pra bingo! Pensei que na pior das hipóteses, saia uma coisa tosca e colocava no YouTube.

Fui sozinho para o Porto para entrevistar o Manel. Depois do Manel, falei com o Peixe, com o Prata e com o Kinorm. E ainda fui ao Algarve conversar com o Elísio. Cheguei a repetir conversas, algumas porque não gostei do material que tinha, outras porque tinha de voltar a falar sobre coisas que surgiram nas próprias conversas. Muitas horas de carro e muitas horas de conversas. Sempre bem dispostas, sempre de coração aberto. Foi um gosto enorme ouvir aquelas histórias.

Aqui fica um excerto da conversa com o Manel que na altura editei a propósito de um momento nos Idolos.

Hoje, mais de 10 anos depois, o documentário não existe.

Na altura quando comecei a editar o documentário, e apercebi-me que não estava com a qualidade que eu gostava. Sobretudo que a banda merecia. Não iria colocar cá fora uma coisa menos boa, só porque sim. Decidi deixar na gaveta como uma ótima memória de um tempo que fiz algo que me apetecia muito fazer.

Hoje, enquanto conduzia (mais uma vez), começou a tocar na rádio o Chaga e de repente lembrei-me destas conversas… E pensei… Será que faz sentido ouvir tudo novamente e transformar aquilo num podcast?